O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, arcebispo
de Buenos Aires, é o primeiro papa latino-americano da
história. É também a primeira vez que o cargo é entregue
a um membro da Sociedade de Jesus.
Ele obteve ao menos 77 votos dos 155 cardeais de todo o
mundo que participam desde terça-feira (12) do conclave,
na Capela Sistina, no Vaticano.
Acompanhe ao vivo o evento no Vaticano
Conforme a tradição, o resultado foi anunciado por meio
da emissão de uma fumaça artificialmente colorida de
branco, pela chaminé da Capela Sistina. Nos dias
anteriores, quando os escrutínios terminaram sem um
consenso, a fumaça expelida era de coloração preta. O
resultado foi confirmado pelo som dos sinos da Basílica
de São Pedro.
No cargo, ele sucede Bento 16, que renunciou no dia 11
de fevereiro, em uma atitude inédita em quase 600 anos.
Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo
e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é
reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos
pobres. O argentino costuma apoiar programas sociais e
desafiar publicamente políticas de livre mercado.
Embora se mostre preocupado com a população de baixa
renda, o papa não é adepto da Teologia da Libertação,
corrente prestigiada na Igreja brasileira que, com base
em ideias marxistas, defende que o clero atue
prioritariamente servindo os mais pobres.
O conservadorismo do novo papa é conhecido por
declarações contra o aborto e a eutanásia. Além disso,
embora ressalte que homossexuais merecem respeito,
Bergoglio é contra o casamento gay.
PERFIL
O jesuíta nasceu na capital argentina e, depois de
cursar o seminário no bairro Villa Devoto, entrou para a
Sociedade de Jesus, aos 19 anos, em 1958. Foi ordenado
padre pelos jesuítas um ano depois, quando estudava
teologia e filosofia na Faculdade de San Miguel.
De 1973 a 1979, Bergoglio foi provinciano pela Argentina
e a partir de 1980, reitor da faculdade de San Miguel,
cargo que ocupou por seis anos. O papa obteve o título
de doutor na Alemanha.
Em 1992, foi nomeado bispo e elevado a arcebispo em
1997, passando a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires
desde então. O argentino ingressou no Colégio de
Cardeais em 2001.
Na Santa Sé, participava de diversos dicastérios: era
membro da Congregação para o Culto Divino e para a
Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero
e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e
das Sociedades da Vida Apostólica, além do Conselho
Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia para
a a América Latina.
Ele era considerado "papável" desde o conclave que
elegeu o alemão Bento 16 para suceder o polonês João
Paulo 2º, em 2005. Com a renúncia do primeiro, o nome do
arcebispo de Buenos Aires voltou a ficar entre os mais
cotados ao posto de papa.
Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela
legislação argentina, o então arcebispo de Buenos Aires,
que também disse que a adoção de uma criança por um
casal gay é uma forma de discriminação ao jovem, entrou
em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A
presidente argentina, por sua vez, replicou dizendo que
a posição da Igreja evocava a época medieval.
CONCLAVE
Bergoglio foi eleito no segundo dia do conclave, após ao
menos três votações. O escrutínio que lhe deu maioria
ainda deverá ser confirmado.
Durante o conclave, os cardeais permanecem em absoluto
isolamento, impedidos de vazar informações sobre as
votações, sob pena de excomunhão. Eles foram vistos pela
última vez na terça-feira, quando fizeram uma procissão
rumo à Capela Sistina e deram início aos trabalhos.
Neste período, os cardeais ficam hospedados na Casa de
Santa Marta, dentro do Vaticano. Lá, os quartos são
sorteados, para que ninguém possa escolher seu vizinho,
e não há telefone ou internet disponíveis.
Em 2005, o cardeal Joseph Ratzinger foi escolhido como
papa em três dias de votação.
(Fonte UOL notícias) |